O saldo entre os valores que o instituto entrega sob a forma de impostos e o financiamento que recebe é favorável ao Estado.
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Na sessão solene que assinalou os 30 anos do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), esta quinta-feira, em Barcelos, foi apresentado um estudo, coordenado pelo professor João Cerejeira Silva (UMinho) que demonstra que 80% dos alunos da instituição são os primeiros elementos da família a chegar ao ensino superior. O investigador destacou o papel deste politécnico como elevador social, no que foi secundado pelos presidentes da Câmara de Barcelos, Mário Constantino e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), António Cunha. Maria José Fernandes, a presidente do instituto, anunciou as novidades para o último ano do seu mandato e prometeu que a instituição vai continuar a crescer. O ministro da Educação, Fernando Alexandre, apontou o IPCA como “um exemplo”.
“Na década 1990, Barcelos estava abaixo da média da região e da média nacional no número de jovens que frequentavam o ensino superior. Passados trinta anos, os números inverteram-se significativamente, o nosso concelho está agora acima das médias regional e nacional”, destacou Mário Constantino. António Cunha, presidente da CCDR-N, também se referiu à importância do instituto como elevador social, saudando em particular o contributo que deu para a formação de Técnicos Superiores Profissionais (TeSP). “Esta é uma instituição do ensino superior que tem uma marca na transformação desta região e é um dos melhores exemplos em Portugal”, afirmou o ministro da Educação.
João Cerejeira Silva, professor da Universidade do Minho, coordenador do estudo “IPCA: Impacto na região”, felicitou a decisão de escolher um “olhar externo para fazer a avaliação”. O estudo concluiu que o politécnico é um dos motores da mobilidade social na região, uma vez que em torno de 80% dos alunos são os primeiros elementos das suas famílias a chegar ao ensino superior. “Este é um impacto que se vai sentir daqui a 40 ou 50 anos”, referiu. O investigador referiu também a importância do IPCA como “segunda oportunidade”, ao contribuir para qualificar o capital humano que já está no mercado de trabalho, pela existência de muitos trabalhadores estudantes e alunos em regime pós-laboral.
O estudo revela que o IPCA tem um impacto de 15 milhões de euros na economia da região. O saldo entre o que o politécnico paga, sob a forma de impostos diretos e indiretos, é de 1,4 milhões de euros, favorável ao Estado.
Novidades em 2025
Maria José Fernandes, a presidente do IPCA, aproveitou esta sessão solene para anunciar a construção de um novo edifício no campus de Barcelos. O K2D, assim se vai chamar este bloco, será voltado para a área pedagógica, com metodologias de ensino-aprendizagem inovadoras, valorizando o trabalho colaborativo e o desenvolvimento de aptidões. Esta obra deve completar um ciclo em que, nos últimos cinco anos, a área construída do politécnico duplicou. Junto ao K2D nascerá ainda um complexo de novos equipamentos desportivos.
Em 2025, também em Barcelos, o IPCA vai abrir as portas do BCRIC (Barcelos Collaborative Reserch and Innovation Center), atualmente em fase avançada de construção. Trata-se de uma infraestrutura que junta três centros de investigação, a segunda residência da instituição, com 133 camas, e um auditório com 500 lugares. Em Guimarães, ainda no próximo ano, o IPCA prevê inaugurar a Escola-Hotel, que associa o ensino na área da hotelaria a um hotel de charme, numa metodologia inovadora em Portugal e a nova Escola de Desporto, Bem-estar e Sistemas Biomédicos. Com um último ano de mandato pela frente, Maria José Fernandes mostrou-se empenhada em aumentar a investigação e em criar mais doutoramentos, fruto das recentes alterações legais.
O IPCA foi criado em 19 de dezembro de 1994, as primeiras aulas arrancaram em 1996, com 74 alunos e sem corpo docente próprio. Atualmente, tem 100 cursos, 7642 alunos e 576 professores e, até ao final de 2023, tinha atribuído 14225 diplomas. Segundo o estudo da UMinho, 70% dos ex-alunos recomendariam o IPCA.